Aos 41 anos, com dois filhos e R$600,00 reais por pessoa é como Ana, que saiu da escola no fundamental para trabalhar, sobrevive. O futuro do Brasil está no voto da Ana, não só porque ela é o eleitor médio, mas também, porque se a vida da Ana não melhorar com o próximo governante, o país não terá se desenvolvido.
Gerir é definir prioridades. É escolher qual problema será atacado antes e dizer não ao que não é urgente. Se hoje ocupamos o 153° lugar no ranking de Liberdade Econômica, não será aumentando as garantias do trabalhador que surgirão novos postos de trabalho, tampouco por meio de um plano de investimento que iremos reduzir o desemprego a longo prazo, se não temos competitividade para comercializar com o resto do mundo.
Se por um lado o pico da oferta de mão de obra passou, por outro, os serviços do Estado estão cada vez mais caros para o contribuinte. O servidor aumenta o próprio salário, como se o orçamento fosse uma fonte infinita, e não recebe nenhum ônus ao prejudicar as contas dos anos seguintes. Após um direito concedido, o princípio da irretroatividade, garante a falência do estado. Em outras palavras, há uma assimetria de risco que estimula o burocrata a tomar más decisões.
O estado hereditário é feito para inibir os novos entrantes e impedir a competição. Não só no dinheiro do fundão, mas no sistema de coligações que promove uma venda casada de políticos aceitáveis com seus pares corruptos.
Vamos trabalhar mais de 600 dias para os eleitos pela urna, nos próximos 4 anos, e o tempo dedicado à esta escolha deveria ser proporcional à este sacrifício.
Como você eleitor administra seu voto? Segundo os índices de rejeição, é como responder uma questão múltipla escolha, é por eliminatória. Gerir a própria escolha, é colocar a mudança do estado no topo da hierarquia dos problemas. Má política se resolve com boa democracia, que tem bons políticos, que por fim, fazem a reforma política. Com uma melhor constituição, teremos menos burocracia e também uma justiça eficaz. Na sua escala de prioridades, onde isso está?
Quando a fonte de água está muito alta, até ela tocar o solo, já se evaporou. Este é o caso da concentração de recurso, o avô rico (federação), o pai pobre (estado) e o filho mendigo (município) não se comunicam. Apesar de viverem na mesma casa, um não entende o problema do outro e quando tenta ajudar, gasta muito e não resolve.
Exemplo: aumentamos o número de graduados, sob as custas do tesouro, via FIES, e pelas universidades públicas, mas nossa produtividade estagnou por uma década. Este investimento em educação, não corrigiu a ineficácia do ensino básico, muito menos capacitou o trabalhador para as demandas do mercado.
Nesse contexto, um mau presidente causa altos danos. Por isso, estamos preocupados em definir qual será este líder “menos pior”. A solução, porém, não vem apenas da escolha de um bom presidente, mas de um governo central menos poderoso. A inversão na distribuição de poder, e um governo de baixo pra cima é o antídoto, e isso é o que deveria ser o centro da discussão.
Sem mulheres ou pardos como líderes, quem irá representar estes grupos? Inclusão étnica e igualdade de gênero são temas da agenda positiva na economia, não meros requintes humanitários, inclusive, isto traz retorno financeiro ao país. Apesar disso, nem mesmo estes grupos buscam eleger seus semelhantes, de modo que continuamos vendo em evidência apenas os “homens brancos” na televisão.
Não teremos democracia enquanto a informação não for livre. Não há diversidade na TV aberta ou rádio, uma vez que estes meios são limitados pelo Estado para impedir que o cidadão pense. Assim, a pluralidade de ideias está morta entre os menos favorecidos. Ora, mas a internet não é livre? Sim e não. É sabido que alguns sites recebem verba do governo, outros apresentam algum viés de omissão, focando em matérias sensacionalistas para não divulgar o que é relevante, o que torna a competição desigual.
Diante desta inércia e homogeneidade na política, esperamos que “favelado” vote em “favelado”, porque a guerra é contra a perpetuação do poder, e para isso é preciso que haja o fim da ignorância política. Nós não saímos das capitanias hereditárias, nós pulamos da política do café com leite diretamente para a rivalidade nordeste/sudeste.
Assim, importante identificarmos os nossos inimigos, as 03 castas de privilegiados. Em primeiro lugar, temos os grandes empresários, beneficiados com isenções fiscais, com perdão de dívida tributária, formação de oligopólios garantidos por barreiras de entrada e outros incentivos com baixo custo-benefício para o retorno social. Em segundo lugar, os políticos, cujos auxílios são incontáveis. Em terceiro lugar, o alto clero de funcionários públicos, com salários 60% acima do equivalente na iniciativa privada. Esses dois últimos são responsáveis pelo rombo da previdência, e são os mesmos complacentes com a inércia das leis.
O brasileiro esqueceu o fato de que é possível enriquecer sem que outro empobreça, pela sua história de exploração escravagista e base econômica extrativista. Além disso, nunca experimentou um crescimento estável por mais de década (só conhece o voo de galinha, foi treinado à isto). Foi o “boom” da construção, em seguida o “boom” das commodities, depois “boom” do agro, depois o “boom” da crise. Cheio de hormônios injetáveis, acredita que haverá sempre um remédio para a próxima ressaca, mas nunca seguiu uma dieta de sucesso.
O Brasil nunca teve o referido desenvolvimento econômico consistente.
Neste cenário, algumas reações são previsíveis. O eleitor brasileiro, tomado pela raiva, e num medo terrível do passado recente, opta pelo opositor radical ao último governo (esquerda), à espera de honestidade. Porém, alguma nostalgia confunde sua visão. Queremos Fazer O Brasil Grande Novamente, quer seja na lembrança da ditadura, dos tucanos ou do petismo. Infelizmente conclui-se que, o máximo de crescimento que experimentamos foi no pós-guerra, mas nunca ousamos ter uma economia liberal.
Sabe-se que 93% dos alunos que saem do ensino médio não entendem o básico de matemática, e quase um terço da população é analfabeta funcional, diante deste cenário, como nossa força de trabalho se destacará na competição global? Como este indivíduo vai entender que é melhor ele ser produtivo numa empresa privada, do que ter uma estabilidade garantida numa estatal em rota de falência?
O Brasil até pode ter riquezas, mas sem formação de capital humano, jamais será rico.
Mais empresas competindo oferecem melhores serviços do que meia dúzia delas num mercado fechado, cheio de barreiras de entradas. É compreensível que privatizar o que não é função do estado significa inibir a indicação política na gestão de empresas? E que isto deve ser acompanhado da melhora do ambiente de negócios e segurança jurídica para fomentar mais competição? Não. Não é palatável, isto é muito complexo, inovador e nunca antes ocorreu na história do Brasil.
O GIGANTE ACORDOU para o passado que nunca foi glorioso. Esqueceu a pauta comum à todos os brasileiros pra defender o direito de grupos. Votará pensando no seu próprio umbigo e esqueceu da família da Ana. Enquanto seu problema for maior que o do seu vizinho, nosso pessimismo resultará na mesma ação de sempre. Escolheremos o candidato viável em detrimento do ideal. Vamos eleger políticos dos mesmos partidos de sempre e esperando por RESULTADOS DIFERENTES.
De 35 Partidos, 34 se elegem com verba pública, estes mesmo fazem coligações com políticos investigados e condenados. Destes, apenas um tem o requisito obrigatório de redução dos gastos parlamentares pela metade e quer reduzir em um terço o número de deputados e senadores. Este partido já deu o exemplo com quem está no mandato, e repudia os privilégios de motoristas, palácios, e outras regalias pagas pelo contribuinte.
Não é coincidência caso você não conheça este partido, o sistema é feito pra inibir novos entrantes, assim como a rotatividade do poder.
A virtude está no meio. Após vivermos em extremos, deveríamos buscar o equilíbrio, não o seu oposto. A soma de duas forças de igual intensidade em sentidos opostos, se anulam. Coincidência? Faça as contas por si: 17 + 13 = ?
“Porque é você que ama o passado e não vê, que o novo sempre vem.” Belchior — 1976